terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Cemitério Bom Jesus de Paranapiacaba








Sobre o trabalho realizado em Paranapiacaba, tenho a revelar que foi uma pesquisa árdua em pouco espaço de tempo e influências exteriores que fizeram atrasar a entrega do mesmo, mas no final foi satisfatória(eu esperava muito mais de mim) dado a equação tempo e disponibilidade de ir a campo para pesquisas. Me comprometi a melhorar o que foi apresentado como TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) que veio a perpetuar minha graduação e História. Desde o início do curso tinha a vontade de falar sobre o ABC, seu movimento operário e as pessoas que construiram a região. Foi pensado em retratar todo o movimento operário desde o advento das linhas férreas do Alto da Serra (Paranapiacaba) passando pelo Anarco- sindicalismo, a chegada da indústria automobilística, as grandes greves até os dias de hoje (ou de ontem). Porém outra vertente me tirava de tal caminho, a vontade e necessidade de mostrar fontes alternativas para o estudo e as pesquisas históricas. O palco escolhido foi o Cemitério, tema que após apresentado por Eduardo Rezende, grande "Cemiterialista", veio a me facinar e confundir tudo aquilo que almejava. A confusão se desfez quando consegui juntar os dois temas: lutas de classes no ABC e cemitérios. assim nasceu o tema trabalhado, o grande questionamento era: "como o Cemitério Bom Jesus de Paranapiacaba conta a História deste vilarejo?" .


Alguns frutos (suculentos) foram colhidos - primeiro concluir o curso de licenciatura em história, depois a possibilidade de publicar esse estudo e por fim mas tão importante quanto aos demais, a exposição das fotos tiradas nas pesquisas de campo, que o Empório São Francisco promoveu no dia 17 de janeiro deste ano. Mais uma vez agradeço a presença de todos amigos que lá estiveram prestigiando a exposição e mais ainda o dueto de guitarras "The Dumb".










segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Para começar...

Sejam bem vindos, senhoras e senhores!
Quero deixar claro aqui que não se trata de um blog com histórias surreais que contamos em volta da fogueira, pode não parecer mas tem uma pitada científica, porém não nos prenderemos apenas nos artigos e publicações acadêmicas. Em princípio, história cemiterial envolve desde a instalação do cemitério em determinada localidade, as histórias daqueles que ali habitam eternamente (tendo notoriedade ou não), peculiaridades do cemitério segundo sua tipologia e a tradução da arte tumular através da iconografia, basicamente: "qual a intenção de tal adorno sobre este túmulo?".
A divulgação de estudos e descobertas neste campo de pesquisa passarão por aqui também, bem como, eventos culturais a esse respeito (ou de outra natureza, eventos culturais são sempre bem vindos).
Mas já colocando a mão na massa - ou no teclado - (que infame!) demonstrarei como a cultura está ligada diretamente aos estudos cemiteriais. Como sabemos, o Cemitério da Consolação abriga os restos mortais de grandes notoriedades além de ser chamado de museu a céu aberto por suas obras de arte valiosíssimas sobre os túmulos, artistas como Brecherett, Nicola Rollo, Galileo Emendabili, Eugenio Prati, Materno Giribaldi, Leopoldo e Silva, entre outros, mas enfim, dentre as notoriedades destacamos os "Modernistas de 1922", mais especificamente Mário de Andrade, que lá está enterrado, e que em vida deixou declarações e mais declarações de amor a cidade de São Paulo, com uma de suas obras metafóricas fecho este primeiro post aguardando comentários. Abraço a todos.
Quando eu morrer eu quero ficar
(Mário de Andrade)
Quando eu morrer quero ficar,
Não contem aos meus inimigos,
Sepultado em minha cidade,
Saudade.
Meus pés enterrem na rua Aurora,
No Paissandu deixem meu sexo,
Na Lopes Chaves a cabeça,
Esqueçam.
No Pátio do Colégio afundem
O meu coração paulistano:
Um coração vivo e um defunto
Bem juntos.

Escondam no Correio o ouvido
Direito, o esquerdo nos Telégrafos,
Quero saber da vida alheia,
Sereia.
O nariz guardem nos rosais,
A língua no alto do Ipiranga
Para cantar a liberdade.
Saudade...

Os olhos lá no Jaraguá
Assistirão ao que há de vir,
O joelho na Universidade,
Saudade...
As mãos atirem por aí,
Que desvivam como viveram,
As tripas atirem pro Diabo,
Que o espírito será de Deus.
Adeus.